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sábado, 8 de maio de 2010

Quantas Lembranças Resgatei

Depois de ter sido sutilmente tirada da frente do meu quadrado mais amado, fui fazer alguma coisa que prestasse e quando entrei no meu quarto e me deparei com aquela zona, resolvi o que iria fazer. Diante de todas aquelas coisas espalhadas ou então juntas, quer dizer, enfurnadas lá dentro ou jogadas em cima da minha cama, comecei colocando meu rádio no chão para que pudesse colocar minha mochila da escola em cima do pufe. Dobrei minhas roupas e as coloquei em seus devidos lugares e pronto. Com o meu armário fechado, tinha-se a visão de um quarto impecável. Ao abrir o tal, o quarto definitivamente não era mais o mesmo, passava de irrepreensível a condenado, censurado e o que mais pudesse se fazer para poupar qualquer um de ver aquela total violência aos virginianos, como eu. Comecei pela porta do meio. Retirei algumas revistas de Crepúsculo e livros, provas... Mil coisas diferentes misturadas. Entre todos esses objetos relativamente perdidos, fui encontrando minhas lembranças. Primeiro ao abrir a capa da foto da turma de 2009: A81. Quantas lembranças resgatei ao analisar cada rosto, e olha que eram trinta e um. Cada briga, cada abraço, cada choro, cada arrependimento, cada prova, cada gesto de amor, cada aprendizado... Tanta coisa crescemos juntos, mostrávamos uma união invejável, uma força impecável e uns sorrisos, ah esses sorrisos, sorrisos que a gente via todos os dias ao entrar na sala sete. Tínhamos um ritual: chegávamos, nos abraçávamos, ás vezes ouvíamos musicas, falávamos de infinitos assuntos e na hora da aula, ah como posso dizer? Todos os dias eram diferentes, todos os dias aconteciam coisas bombásticas, cada dia tinha um valor diferente. Viajando mais entre as dobras das minhas lembranças, quer dizer, explorando mais o meu armário, encontrei revistas Capricho de 2006, encontrei a foto do passeio mais memorável, o passeio ao NR que aconteceu no início do ano. Encontrei uma caixa que guardava parte dos meus tempos de criança, lá encontrei álbuns completos e incompletos, bolos de figurinhas repetidas, repertórios de músicas (quando ainda pensava na idéia maluca de cantar em rede nacional com uma amiga), encontrei também mapas e mais mapas de lugares mágicos “Onde os sonhos se realizam” pois é, esse lugar mesmo. Tirando mais coisas daquela caixa, visitei Times Square, revi peças na Broadway, subi de novo no touro de Wall Street, subi a 5ª avenida, peguei o metrô e voltei para minha caixa. Guardei tudo novamente. Na ponta dos pés, tateava a ultima prateleira, não tinha altura para ver o que tinha ali, enfim, encontrei um saco, peguei e abri. Dentro havia uma roupa vermelha, um collant vermelho e prata, com um saia que me lembra muito Cirque Du Soleil. Foi a roupa de uma apresentação de dança que fiz em 2006 ou 07. Percebi que cresci muito, aquilo era minúsculo e ainda achei uma outra roupa de espetáculo, mas essa era mais difícil de encarar. Era uma blusa vermelha e preta, um short branco e um meião rubro-negro também. O nome da coreografia era Futebol, representava um FLA x FLU ao som de Partida de Futebol, era a coreografia pela que eu mais ansiava, mas naquele ano dancei dentro da coxia porque tinha um pé quebrado. Não me lembro de ter chorado tanto quanto chorei naquele dia, apesar de todos ali estarem me apoiando. Pelo menos eu nunca mais subo escada correndo - pois é, quebrei subindo. Mas enfim, viajei pelas minhas melhores lembranças olhando para aquelas roupas que representam tanta coisa pra mim. A dança é a minha vida. A medida que ia arrumando as coisas ia achando cartinhas antigas demais que deveriam estar perdidas dos lugares onde guardo essas coisas. Achei a inocência de crianças de novo olhando pra minhas pelúcias no alto do armário, viajar pela nossa vida é a melhor coisa que fazemos quando estamos mal, porque automaticamente, do nada, a gente se vê rindo sozinha no chão do quarto tendo nas mãos um foto que foi tirada na decida de uma montanha russa e que a sua cara está pavorosa. Fui a tantos lugares em tão pouco tempo que quando me dei conta a parte do meio do meu armário estava arrumada. Na porta do lado esquerdo eu só pendurei as mochilas que estavam jogadas lá dentro mesmo, pus os cabides em ordem, tirei minha roupa de cama do armário e minha cama já estava pronta pra quando eu quisesse ir dormir. Pronto. Agora estava realmente pronto, voltou a ser um quarto impecável. E mesmo abrindo o armário, a essência do mesmo não mudava.

Natália Ferreira

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