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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Obsolescência

Estava pensando, cá com os meus botões, o que acontece nesse mundo descartável. É impressionante como, hoje em dia, as pessoas se desfazem tão facilmente das coisas. Ultimamente a curiosidade sobre a opinião das pessoas em relação às coisas que possam vir a se tornar obsoletas nos próximos anos tem se tornado bem grande. Sempre que leio essa pergunta, me questiono se há alguma dose de culpa em cada palavra. Hoje em dia as pessoas visam o mais simples, o que facilita a vida das pessoas, mas se hoje dá certo, amanha pode estragar. O que me deixa mais intrigada ainda é que a gente tem que ajudar a natureza, e agir como ela talvez seja uma grande idéia, mas se a maioria das coisas produzidas pela mesma forem perecíveis, talvez a idéia dos descartáveis não seja tão culpada. O problema é que as pessoas só se preocupam com o hoje. Se hoje der certo ok, se amanha não der... A gente vê isso amanha. Não pode funcionar assim! Se até o inicio do século passado as pessoas viviam sem carro, será que hoje a gente não consegue achar uma solução para um problema que todo mundo tem que se preocupar? Lendo a pergunta novamente: “Quais são as coisas que você pensa que se tornarão obsoletas nos próximos dez anos?” Algumas pessoas nem respondem pelo fato de não saberem o que significa esta palavra: obsoleta. Será que a língua não será mais tão importante também? Será que daqui a dez anos poderemos nos falar poupando as cordas vocais? Será que daqui a dez anos estaremos aqui ainda? Se as pessoas realmente querem estar aqui, que comecem a fazer algo por todos agora. E essa história de que uma pessoa só não pode resolver o problema não é justificativa, pois como dizem, de pouquinho em pouquinho se vai longe. É interessante saber que os inventores do avião, carro e a máquina a vapor, por exemplo, são conhecidos. Todos, pelo menos, já ouviram falar em Santos Dummont, Siegfried Markus e Jammes Watt, claro, eles ficarão para sempre em livros de história, como os grandes inventores, “Os homens que possibilitaram a evolução”. Mas alguém sabe quem foi Charles Fritts? Não. Ele foi o inventor de um painel que capta energia solar. Acho que tem o mesmo valor de importância, deveria ter. Vocês não acham que a gente viveria muito bem de bicicleta? Pernas saradas e meio ambiente feliz. Sem avião? Tudo seria de todo mundo, não era preciso burocracia para transitar entre os povos, tudo bem que o avião até é muito necessário, mas podia ser movido a energia solar, não? E a maquina a vapor? Podia ser alguma coisa que não liberasse tanta fumaça, que não gerasse tanta poluição. A celebração gerada pela invenção de tais máquinas era algo como “Rumo a evolução!” mas querendo dizer, na verdade, algo não muito certo, algo de momentaneo. Era como achar uma pista no meio de uma brincadeira de caça ao tesouro, mas ali na frente você poderia descobrir que essa pista na verdade era uma incógnita. Existem milhões de informações em uma frase e, dentre todas essas informações, apenas uma é a correta. Pode-se dizer que a população está se tornando obsoleta. Que o mundo não precisa mais das pessoas já que as mesmas andam atrapalhando tanto. É como um andar pra frente com o pé atrás, é ter a idéia e ter medo de ela dar errado. Hoje nós é que estamos descartáveis. Talvez se há muito tempo tivéssemos tido um pouco de respeito àquilo que nem era nosso, estivéssemos aqui, hoje, sem problemas. Mas parece que ninguém entende isso, porque a má educação tem um ego muito grande e acaba cegando a razão. Hoje ninguém preza por nada, tudo pode ser jogado fora. Daqui a pouco não haverá vínculos, será tudo independente. Terminaremos sozinhos, porque um dia, decidimos jogar fora a única solução que havia para um possível futuro, pelo simples fato dessa solução ter que ser adquirida em conjunto. E pelo simples fato de as pessoas não se importarem com os outros, nem consigo mesmas, nem com nada. Ter um ego tão profundo que pode cegar os próprios olhos da alma.

Natália Ferreira

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