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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Tanto pensamento pra chegar à mesma conclusão de sempre.

Nunca serei independente. Digo isso por mim, pelo menos. Mas não acredito que você um dia será. Não mesmo. Sempre dependeremos de alguém. E se você não depender, duvido que seja porque você simplesmente não quer. Eu não me daria esse luxo, nunca faria isso comigo. Com o passar do tempo vamos conseguindo aos poucos nossa liberdade e disso eu sou a favor – dependência não é o oposto de liberdade. Mas nunca construí meu futuro sozinha. Não me vejo daqui a vinte anos sem minha família e amigos. Isso é impossível. Posso não depender deles pra viver, pra fazer meus órgãos funcionarem, mas dependo pra ser feliz. Então pense: se a minha vida depende da minha felicidade e eles são a minha felicidade, então eu dependo deles sim! Tenho muito medo de perdê-los. De perder essas pessoas que hoje me fazem tão bem. Talvez esse seja o meu maior medo. O que torna todos os outros insignificantes. O escuro provoca curiosidade e anseio pela surpresa que pode acontecer, mas não causa a dor da saudade, da falta. Nem se compara - e eu que considerava ansiedade e medo de não saber o que esperar um medo.

Eu não tenho nenhuma certeza sobre o futuro, só me resta fazer planos. Mas eu não vejo diferença, apesar de não saber controlar isso. Amanha pode acontecer alguma coisa que me faça mudar radicalmente meu ponto de vista. Pode ser que, daqui a pouco, quem eu estou esperando não apareça na hora marcada e um simples atraso me faça parar pra pensar, ter idéias e tomar atitudes. O tempo é inevitável. Estará sempre aqui. E pode ser que o meu verdadeiro temor venha dele. Venha do fato de saber que: mais alguns minutos e pode ser que seu inimigo seja seu mais importante aliado.

Acredito nessa coisa de destino. Sei que se eu tiver algum problema de saúde e tiver que morrer, eu vou morrer. Me levar para um hospital não vai fazer diferença. E mesmo que não faça diferença, sei que esse alguém que me levar pra qualquer lugar pra tentar preservar minha vida se importa comigo, ou pelo menos se importa com a vida. Pode ser que eu seja submetida a uma tentativa de salvamento por um estranho qualquer que tenha piedade de alguém que precisa de ajuda, mas sei que aqueles que me amam vão procurar por mim e vão me encontrar. Então eu me sentirei amada, mesmo que por poucas pessoas, mas será um amor verdadeiro. E aí entra o tempo na história. Isso é só uma suposição minha e na imagem que construí tenho certas pessoas presentes. O que não tenho é a garantia de que serão elas a estarem do meu lado. Podem acontecer muitas coisas das quais não tenho poder sobre. É claro que o meu futuro não é construído com um cenário composto de dor e sofrimento. Só citei uma situação em que as pessoas que amo estarão do meu lado independente de qualquer coisa - pra que o entendimento seja mais denso.

Minha maior preocupação é ter mais duvidas do que certezas em relação aos atores do próximo ato do meu espetáculo. Eu queria que os do presente permanecessem no futuro. Que enquanto alguns me ajudassem a evoluir, outros me acompanhassem durante a evolução. Só isso. É pedir demais? São só algumas certezas. Só. E isso vai totalmente contra os meus princípios de ‘Viver sem querer saber o que vai acontecer’, mas dane-se. Toda regra tem sua exceção. E também pode haver um outro ponto de vista. “O que tiver que ser, será”, certo? Então se eu me afastar de uma pessoa por causa do tempo e ela não preencher mais a minha rotina, será porque seu nome esteve só em alguns capítulos do livro do meu destino. E mesmo ela sendo insubstituível a meu ver de hoje, amanha posso mudar esse conceito. É isso que me irrita. É criar uma idéia, pensar mais um pouco e ver que ela pode dar errado. E aí eu chego sempre à conclusão de que eu não posso fazer absolutamente nada. Só esperar.

Esperar. Mas que droga!

Natália Ferreira

Um comentário:

  1. Forte, bonito e bom. Você tem talento, parabéns! E obrigado por seguir o Sangue e Solidão! :)

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